quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Como vivem e o que pensam os 'nem-nem' da América Latina

Senhor@s

As boas vindas ao blog em 2019 chega com uma preocupação com cada vez mais repercussão na sociedade latino-americana, muito relacionada à relação entre a pirâmide etária e o desenvolvimento de modelos sociológicos que disciplinem a relação escola/trabalho.

Para muito além da taxação equivocada de 'nem-nem', a complexa relação jovem-escola-trabalho, em especial aos que vivenciam as peculiaridades de usuários do SUAS, nos exige um olhar muito mais qualitativo ao fenômeno, particularmente no ofertar políticas públicas que foquem o trabalho decente e a proteção social como garantia de direitos.

Em Mato Grosso, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD 2017 estima que existam 166 mil jovens com idade de 15 a 29 anos nesse perfil de 'não estuda e não trabalha', como o agravante de que 65,3% deles já se encontravam na data de referência da pesquisa, na condição de 'fora da força de trabalho'; e somente 36% desses jovens ainda nutriam esperança de encontrar um lugar ao sol no mundo do trabalho. Qualquer trabalho.

Um 2019 mais vigilante tenhamos!

Sociais saudações,

Luciano Joia.

ESTUDO REVELA QUE 23% DOS JOVENS BRASILEIROS NÃO TRABALHAM NEM ESTUDAM

Parte de estudo regional, capítulo sobre os jovens no Brasil foi realizado pelo Ipea, que contou com apoio operacional do IPC-IG
Brasília, 3 de dezembro de 2018  –  Cerca de 23% dos jovens brasileiros não trabalham nem estudam -  os chamados jovens nem-nem- e  em sua maior parte são mulheres e de baixa renda, é o que revela uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgada nesta segunda-feira, que contou com o apoio operacional do IPC-IG.  Esse percentual é um dos maiores na região da América Latina e do Caribe. Por outro lado, 49% dos jovens brasileiros se dedicam apenas ao estudo ou capacitação, 13% só trabalham e 15% trabalham e estudam ao mesmo tempo.   Já na América Latina e no Caribe, o número de jovens que não trabalham nem estudam chega a 20 milhões de pessoas.  
O estudo do Ipea faz parte de uma pesquisa regional intitulada "Millennials na América Latina e no Caribe: trabalhar ou estudar", que entrevistou mais de 15 mil jovens entre 15 e 24 anos, em nove países da região da América Latina e do Caribe com realidades econômicas e sociais diferentes:  Brasil, Chile, Colômbia, El Salvador, Haiti, México, Paraguai, Peru e Uruguai.   
O objetivo da pesquisa é entender melhor a decisão dos jovens que apenas estudam, apenas trabalham, combinam estudo e trabalho, ou não estão estudando nem trabalhando. Com base nessas informações, os pesquisadores sugerem ações políticas para ajudar os jovens a fazer uma transição bem-sucedida de seus estudos para o mercado de trabalho. A novidade do estudo é a inclusão de variáveis menos convencionais, que vão além da renda ou do nível educacional. Por exemplo, as informações que os jovens têm sobre o funcionamento do mercado de trabalho, suas aspirações, expectativas e habilidades cognitivas e socioemocionais.
A pesquisa regional destaca ainda que, apesar de o termo nem-nem induzir à ideia de que os jovens são ociosos e improdutivos, na América Latina e no Caribe a realidade é outra:31% dos jovens, principalmente homens, estão à procura de trabalho, e mais da metade, 64%, dedicam-se a trabalhos de cuidado doméstico e familiar, o que ocorre principalmente com as mulheres.  A condição de não estudar nem trabalhar é mais frequente entre as mulheres e os jovens mais velhos. Entre os que não estudam nem trabalham, a procura por emprego é uma atividade comum aos homens, enquanto os cuidados de parentes e filhos é mais comum entre a mulheres:

Contexto brasileiro - No Brasil, o estudo buscou entender quais as aspirações, as barreiras e expectativas dos jovens brasileiros com relação à inserção no mercado de trabalho e à inclusão social.  Foram entrevistados 1.488 jovens entre abril e maio deste ano em Recife. A capital pernambucana foi escolhida por apresentar uma alta taxa de desemprego e um grande contingente de jovens que não trabalham e nem estudam.  A capital pernambucana insere-se ainda no contexto do Nordeste, região que apresenta elevado nível de vulnerabilidade dos jovens: menor nível de escolaridade, vulnerabilidade no mercado de trabalho também.  
O Brasil está passando por um bônus demográfico, na qual a população ativa (entre 15 e 64 anos) é maior do que a população inativa (entre 0 e 14 anos, ou maiores de 65 anos), como por exemplo, idosos e crianças. Além disso, os jovens com idades entre 15 e 24 anos somam 17% da população total brasileira, ou cerca de 33 milhões de pessoas. Esse fenômeno demográfico é denominado “onda jovem” e apresenta um grande contingente juvenil pronto para ingressar no mercado de trabalho. 
 “O Brasil vive o ápice da onda jovem que começou em 2003 e terminará em 2022, quando o número de jovens começará cair até 2040, ano em a população entre 15 e 24 anos chegará a 12% da população total .  O país tem que aproveitar esse bônus demográfico para o desenvolvimento de políticas públicas, e para que isso não se transforme em ônus demográfico”, disse Enid Rocha, Diretora-Adjunta da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais do Ipea.  
O estudo foi financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Centro de Pesquisas Canadense para o Desenvolvimento Internacional (IDRC), e foi coordenada regionalmente pela fundação chilena Espacio Público. No Brasil, pesquisa foi realizada pelo Ipea, com apoio operacional do Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo (IPC-IG).
Clique aqui para ler o estudo (em espanhol).

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